História - O melhor do bairro de Embaré, Santos, SP

 

O Embaré e sua história . .

Fotografias e recordações de antigos moradores é só o que restou do Embaré de outros tempos, quase desabitado, cheio de brejos e chácaras de japoneses. Hoje são quase 40 mil habitantes, espalhados entre a orla da praia, aristocrática e movimentada, e outras áreas mais simples e tranqüilas, onde crianças brincam nas ruas, homens conversam nos bares e mulheres se reúnem nos portões.
Por incrível que pareça, para os lados mais retirados, distantes da chamada zona nobre, ainda há muitos chalés e enormes quintais cheios de árvores. Mas, não se sabe por quanto tempo os donos dessas casas quase centenárias resistirão aos apelos dos corretores, em busca de espaços para a construção de novos edifícios. A transformação parece inevitável, dando novas feições a esse bairro que já mudou tanto nesse século.
                                                                                                                                                                 Os velhos casarões de madeira se vão, mas o Embaré ainda guarda muito de pitoresco. Os becos, as travessas sem nome são tradicionais e neles se vive um pouco diferente. O isolamento dos becos parece unir as famílias, paira um clima de pequena cidade. As crianças sentem-se mais donas da rua, fazem dela uma extensão do quintal. E como não poderia deixar de ser, sai muita briga entre a molecada de um beco e outro.
O Embaré é também reduto de casas populares antiquíssimas, das primeiras que se construiu em Santos, na década de 1930, pela Fundação das Casas Populares. Na época custavam cerca de 100 contos de réis e os interessados tiveram 20 anos para pagar esses imóveis com dois quartos, sala e cozinha. Há núcleos do tipo nas ruas São José, Liberdade e Frei Francisco Sampaio e Praça Joaquim Murtinho.
 

A beleza explode na praia


 

Essa muitos não sabem: antigamente, Embaré era a denominação de todas as praias de Santos. O nome exprime que as águas são boas para os banhos e têm propriedade terapêutica. Vem da corruptela de mbarra-hé: mbarra, que significa enfermidade, moléstia; e hé, comodidade, conforto.
Pois vejam só o triste destino dessas nossas praias: viraram depósito de esgoto, produtos químicos e óleo, e os banhos são até desaconselhados.
Mas o mar sempre exerce um estranho fascínio, e não há como não admitir a beleza do Embaré quando as ondas estouram e a água reproduz o brilho do Sol ou a claridade da Lua.
Verão, praia cheia, colorido de biquínis e guarda-sóis, pombas fazendo vôos rasantes, crianças lambuzadas de areia, corpos salgados. O rapaz não consegue desviar os olhos da garota de corpo dourado, segue devagar, quase parando, e só volta à realidade quando esbarra em alguém que passa. Agora sua atenção se volta para a garota que entra no mar, sorridente, rebolando. Derramando poesia!
 

A igreja e o santo casamenteiro

Os turistas olham a igreja e se sentem aliviados. Não há mais dúvidas, estão no Embaré. O velho templo, em estilo gótico, imponente, serve como referência e diante dele ninguém se sente perdido.

Sua história antecede em muito a data da inauguração da basílica que se conhece hoje. Remonta ao tempo do Barão do Embaré (depois visconde), que em 19 de setembro de 1875 dava por encerrada a obra de uma pequena capela, em homenagem a Santo Antônio, na chamada Praia da Barra, em chácara mantida por ele. Até Dom Pedro II chegou a visitar o pequeno templo, em passagem por Santos, naquele mesmo ano.

Não se sabe bem o motivo, mas a capela acabou abandonada. Padre Gastão, até hoje lembrado no bairro, se encarregou de reconstruí-la, em 1911, marcando uma nova fase de sua existência. Onde anos depois, o arcebispo metropolitano dom Duarte Leopoldo e Silva a entregava aos cuidados dos frades capuchinhos e, em 1930, iniciou-se a construção da atual igreja. Quatro anos mais tarde era inaugurada, para satisfação do construtor Carlos Regos; dos irmãos Gentile, artistas italianos que fizeram as pinturas; e do escultor Giácomo Scopelli.

Dizem que Santo Antônio ganhou um templo à altura da devoção dos fiéis. O certo é que terça-feira, dia consagrado a ele, a igreja permanece cheia. Homens e mulheres de todas as idades correm para reverenciar o santo casamenteiro. Se ele atende ao apelo, fazem questão de se casar no mesmo templo do Embaré, ao som do órgão alemão levado para lá em 1948.

Santo Antônio, quem diria? Em 1956, o então prefeito Antônio Feliciano gastou nada menos que Cr$ 150 milhões antigos dos cofres públicos para instalar um monumento em seu louvor, em frente à basílica. Monumento que a criançada fazia questão de olhar, quando passava de bonde...

 

  

  Pode-se dividir o bairro em dois: o Embaré vertical e o horizontal. É um bairro de contrastes, com pessoas de vários níveis econômicos. Nas ruas próximas à praia estão os prédios cada vez maiores e mais luxuosos com seus mais de 20 andares e quase sem casas ou sobrados, é o coração do Embaré vertical. Conforme vai se entrando no bairro, a altura dos edifícios vai diminuindo para nove, cinco e até os mais antigos, de três andares. Passando a avenida Pedro Lessa, vem o coração do Embaré horizontal, onde estão os chalés e casas sobrepostas que alinham lado a lado o novo e o antigo. As velhas casas de madeira com grande quintal dividem o muro com as novas sobrepostas com piscina e várias suítes.

O bairro também foi um dos primeiros a receber os novos prédios de luxo muito antes do boom imobiliário que invade a cidade nos dias de hoje. Muitos outros também estão sendo construídos ou estão em fase de projeto. E só de pensar que antes destes gigantes chegarem, há nem sete anos, eu avistava o Monte Serrat da janela do meu quarto, e agora vejo outra obra do homem: um grande prédio azul. As ruas acompanharam este desenvolvimento, os paralelepípedos deram lugar ao asfalto. O sistema viário que corta o bairro recebe cada dia mais automóveis e a Oswaldo Cóchrane, antes uma rua sossegada, ganha a cada ano mais um novo semáforo em alguma esquina. Até radares foram instalados no bairro.

Mas o bairro é muito mais que um recanto residencial. Aos poucos os bares estão se multiplicando e levando mais gente à noite para a região. Anos atrás o point do Embaré era o conhecido CPE, que são os quiosques instalados em frente à Igreja de Santo Antônio. Hoje, pelo menos cinco bares, um próximo ao outro, concentram o agito noturno. E a cada um novo que abre mais gente faz fila na porta para entrar. O que faz com que fique difícil encontrar uma vaga para estacionar, acabando com o antigo sossego do bairro.

 Fonte: http://www.novomilenio e http://www.jornaldaorla.com.br