Centro Político Administrativo
Foi em 1974 que o governador de Mato Grosso Dr. José Fontanilas Fragelli, o estadista que deu inicio ao processo de mudança do Palácio do Governo, e suas respectivas Secretarias para a região norte da cidade, local que ficou denominado “Centro Político Administrativo”.
Com a implantação desses prédios nessa região aconteceria o alivio do “inchaço” que havia nos pequenos espaços das áreas centrais de Cuiabá.
Surgiu também a idéia de solucionar os problemas de habitação com a construção de casas populares nessa região.
Naquela época o projeto foi desenvolvido pela COHAB sob a presidência do Dr. Luiz Portela e com o financiamento do BNH – Banco Nacional de Habitação, órgão federal de viabilização dos projetos os quais utilizavam o dinheiro das poupanças.
O BNH de inicio expressou grande receio do projeto habitacional não dar certo em função das moradias ficarem muito longe do centro da cidade.
Apesar das idéias contrárias de varias pessoas da sociedade o Governo e a COHAB passaram ao procedimento da desapropriação de antigos proprietários na área desejada e deram inicio a implantação do 1º Núcleo Habitacional do CPA. Foram 944 unidades habitacionais denominadas mais tarde de CPA I.
As obras começaram em 1976, após a legalização da área. Enquanto isso a COHAB processava um levantamento cadastral das inúmeras pessoas que estavam inscritas para concorrer ao sorteio das casas. Sendo o numero de inscrições bastante elevadas, a parte administrativa da COHAB já procurava elaborar projetos para a construção de novos núcleos, dando seqüência ao programa de construção de moradias tendo como finalidade atender a grande procura por parte da imensa massa de novas famílias que aportavam em Cuiabá. Nasceria no futuro CPA II, III e quantas etapas fossem necessárias para o progresso.
Em 28 de fevereiro de 1975, o então Governador Dr. José Fragelli, inaugurou o Palácio do Paiaguas, e nele transferiria a sede do Governo juntamente com o gabinete e casas Civil e Militar, e também as Secretarias de Planejamento, Administração, Saúde e Viação e Obras; instalou em prédio próprio o Tribunal de Contas do Estado. Sendo assim em 1976, instalou em prédio próprio o Tribunal de Justiça. Esses foram os primeiros prédios construídos no CPA.
Em 1979 as obras do Núcleo Habitacional CPA I, foram concluídas e no mês de agosto do mesmo ano a COHAB programou a festa de entrega das casas aos contemplados por meio de sorteio. A equipe da COHAB tendo a frente o seu novo presidente o Engenheiro Dr. Haroldo Arruda, entrega simbolicamente a chave de um imóvel para um dos moradores que fora contemplado no sorteio que beneficiou 944 famílias. Depois da ocupação habitacional do CPA I, seguiu-se o projeto de habitação para todos. No final da década de 70 e inicio dos anos 80, o então Ministro Mario Andreazza, do Interior, inaugurou o conjunto Habitacional CPA II. 2654 casas, e a previsão de abrigar 13mil pessoas. Em 1981, as instalações para o CPA III já estavam em andamento.
Naquele tempo o núcleo só tinha como estrutura as casas. Elas não dispunham de outros benefícios como: energia, água, asfalto, e nenhuma árvore. Assim com a agitação do dia a dia a poeira era intensa e invadia as casas deixando muita sujeira em todos os lugares.
A água era outro problema, pois nas imediações não existia opção por poços ou córrego. Algumas pessoas que tinham carro traziam água em latões de 200 litros e ajudavam os vizinhos, outros comercializavam o precioso liquido.
Também não havia comercio para que a população pudesse adquirir gêneros alimentícios, não havia padarias, farmácias, mercados, escolas funcionando, transporte coletivo para suprir o núcleo e a longa distancia que o separava do centro de Cuiabá.
Muitas famílias desistiram da idéia de mora no CPA I “entregaram o troco de banana” e o direito de suas casas e retornaram para o centro de Cuiabá. Os muitos pioneiros que permaneceram enfrentaram todos os desafios e dificuldades para preservar seu “bem adquirido”.
O transporte coletivo era um caos, apenas um ônibus para atende a população, o qual parava suas funções as 21:00, o que prejudicava os estudantes e trabalhadores que somente poderiam retornar depois das 22:00. Certo dia vários trabalhadores e estudantes cansados de esperar uma atitude por parte das Empresas de Transporte; tomou de surpresa o ônibus no centro da cidade e obrigaram o motorista a traze-los para o núcleo. Chegando no CPA I, todos desceram e pediram para o motorista descer também, em seguida apedrejaram o ônibus e quase atearam fogo em forma de protesto por melhorias no transporte coletivo.
O tempo foi passando... Sr. Mario Coreolano foi o primeiro comerciante a vender pães, saía montado em uma bicicleta com duas grandes cestas. Numa das ruas do núcleo Sr Aquiles Nassardem montou em seu quintal um pequeno comercio coberto com lona plástica, onde vendia cervejas, refrigerantes e outras bebidas, também salgados e bolos, este local por um tempo virou ponto de encontro dos jovens que curtiam jogar bozo e truco espanhol.
A vinda dessas 944 familias para esta região, distante do centro de Cuiabá, formando um contingente de mais de seis mil pessoas, ofereceu perspectivas de avanço no processo habitacional do Estado, porque os governantes puderam constatar que as famílias instaladas ali em 1979, desenvolveram um trabalho de perseverança, criando um pólo centralizado para a emancipação de novas moradias.
Nos dias de hoje o CPA se tornou o “GRANDE CPA” que é etapas 1,2,3 e 4e ainda bairros adjacentes, que surgiram através de “grilos” mas se tornaram efetivos, embora muitos ainda sofram com a falta de infraestrutura.
Toda essa região é dotada de um comercio forte e em expansão; em sua estrutura existem hospitais; maternidades, postos de derivado de petróleo, ambientes de lazer,drogarias, laboratórios, lotéricas, hotdogs, bancos, casas de materiais de construção,
sorveterias, estádio de futebol, escolas de 1º e 2º graus... e uma infinidade de outras categorias que tornam esse bairro ”o melhor da cidade”.
Fonte inspiradora:
“Como nasceu o “Grande Morada da Serra” por Alinor de Assumpção Silva – Cuiabá/MT (1947-1996)